A Univille lança o Doutorado em Patrimônio Cultural e Sociedade, recém aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao MEC. A Universidade já mantém há 10 anos o curso de Mestrado na área, o MPCS, com nota 4 na mais recente avaliação da Capes. O MPCS atrai estudantes de todo o Brasil e até da América do Sul, e de várias áreas de atuação, das ciências humanas e sociais às ciências exatas, biológicas, saúde e engenharia. O curso similar mais próximo fica a quase mil quilômetros de Joinville, em Pelotas (RS).

Ambos os cursos – Mestrado e Doutorado - agora integram o Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade (PCS) da Univille, que tem como objetivo desenvolver estudos e pesquisas interdisciplinares que resultem na produção de conhecimento sobre as relações que as sociedades do presente estabelecem com os seus patrimônios culturais. O PCS tem duas linhas de pesquisa: Patrimônio, Memória e Linguagens e Patrimônio, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Além de egressos da graduação, já participaram como alunos do MPCS profissionais envolvidos direta ou indiretamente com o campo do patrimônio que trabalham em órgãos públicos e privados ligados à cultura, artes, turismo, direito, planejamento urbano, saúde, jornalismo e gestão ambiental e professores que atuam na educação superior ou na educação básica.

 “Desde o seu início, o programa contou com um expressivo apoio regional, especialmente por parte de órgãos públicos responsáveis pela gestão em cultura e educação. Isso porque a trajetória do corpo docente é fortemente marcada pelas participações em conselhos, comitês e comissões e comprometida com a democratização das políticas públicas, quer na sua elaboração quer no acompanhamento e avaliação de seus resultados”, destaca a coordenadora do MPCS e uma das responsáveis pelo projeto de doutorado, a professora Mariluci Neis Carelli.

Ela lembra que Joinville foi uma das primeiras cidades brasileiras a instituir, por lei, um sistema municipal de fomento à cultura e uma estrutura de gestão cultural articulados ao Sistema Nacional de Cultura. “Em todos esses marcos regulatórios e de gestão houve o envolvimento direto de cinco professores do PCS: Dione da Rocha Bandeira, Ilanil Coelho, Nadja Lamas, Sandra P. L. Guedes e Taiza M. R. Moraes”.

Outro aspecto destacado pela professora Mariluci, ao justificar a importância nesse campo de estudos em Santa Catarina é configuração sociocultural de Joinville e região, com vasto conjunto de bens materiais e imateriais que foram produzidos por diferentes populações no processo histórico de ocupação humana da região.  A região conta com mais de 140 sítios de tipologia sambaqui que remontam a cinco mil anos e com várias outras manifestações de cultura ligadas às populações indígenas, portuguesas, africanas, de imigrantes europeus que chegaram à região no século XIX e de migrantes provenientes de diferentes cidades brasileiras a partir dos anos de 1960.

“Nesse contínuo e diversificado fluxo demográfico, foi constituído um conjunto patrimonial composto por bens culturais que englobam sítios arqueológicos, paisagens, edificações, instituições museológicas e arquivísticas, festividades e outras tantas formas de expressão ligadas aos modos de criar, fazer e viver na região, tais como preparos culinários, construção de barcos e de casas em estilo enxaimel, cultivo de flores, artesanatos, artes visuais, música, teatro, dança, literatura etc.”, evidencia a professora.

Os desafios contemporâneos que repercutem nas percepções do patrimônio cultural são outra questão enfatizada pela pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Univille, professora Therezinha Maria Novais de Oliveira, ao fundamentar a importância da pesquisa científica no setor. “O campo vem sendo atravessado por questões de toda ordem, já que o direito ao patrimônio evoca acirradas lutas que envolvem, entre outros temas, a propriedade privada, o interesse público, a segurança, o acesso às artes, a mobilidade urbana, o reconhecimento à memória das chamadas minorias, o acesso aos direitos fundamentais, a informalidade do trabalho, a mercantilização da cultura e a proteção à biodiversidade, só para citar alguns”, ressalta.