A raia manta (Mobula birostris) pode alcançar até 7 metros de uma nadadeira à outra

No mês passado, o litoral Norte recebeu a visita de uma raia manta (Mobula birostris). A visitante, de quase uma tonelada, chamou a atenção de muitos pescadores, pesquisadores e de toda comunidade. O animal ficou preso em uma rede de pesca que estava em um barco, mas, felizmente, os pescadores conseguiram cortar a rede para que o animal continuasse a sua trajetória pelo oceano.

A espécie é vista com mais frequência saltando para fora d’água no litoral do Paraná, na região da Ilha das Peças, onde é monitorada e estudada, desde 2010, pela professora do curso de Biologia Marinha da Univille, Andrielli Maryan Medeiros. Para tentar entender o motivo do aparecimento em Santa Catarina, a professora e acadêmicas do curso iniciaram um trabalho de campo. Elas mergulharam na região para coletar dados ambientais e organismos zooplanctônicos, que são o alimento das raias mantas. “Constatamos uma grande diversidade destes organismos. O mais provável é que utilizem a região para alimentação ou como rota migratória. Estas seriam hipóteses para explicar a presença desses animais recentemente na região de São Francisco do Sul. Esperamos no futuro desvendar este mistério”, explicou Andrielli.

Professora e acadêmicas de Biologia Marinha coletam dados ambientais para monitorar a espécie

Além do mergulho, a equipe de pesquisa envolveu os pescadores artesanais e subaquáticos da região. Com isso, a equipe deseja traçar uma integração de dados e mapear a época em que os animais aparecem e os principais locais. “É importante trabalharmos em parceria com eles e sempre repassarmos as descobertas que fizermos para que ocorra uma verdadeira troca de saberes, trazendo uma reflexão de ambos os pontos de vista, gerando uma pesquisa e gestão participativa”, destaca Andrielli.

A importância dos estudos e pesquisas

A pesca de raias mantas está proibida desde 2013 em todo o litoral brasileiro, mas ainda são registradas capturas acidentais. A reprodução da espécie acontece de forma muito lenta, gerando apenas um filhote após uma gestação de 12 meses. Qualquer interferência neste ciclo impacta diretamente no crescimento do número de animais, sendo que a espécie já está vulnerável à extinção.

Ao realizar um trabalho próximo aos pescadores, a visibilidade para a preservação das raias aumentou na mesma proporção em que diminuiu o estigma de que são animais atrapalham as atividades de pesca ao ficarem presas nas redes. A professora destaca que a região de São Francisco do Sul tem potencial para o mergulho junto com a espécie, já que as águas são mais claras que no Paraná. Andrielli ressalta que todas as ações devem ser planejadas para que não haja impacto negativo que afaste os animais da região.

Confira mais do Projeto Raia Manta da professora Andrielli Maryan Medeiros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma estrutura completa para as atividades práticas

Para que os futuros Biólogos Marinhos possam conhecer a realidade da profissão, a Univille incentiva as atividades práticas durante todo o curso. Além das atividades fora da Universidade, o curso tem laboratórios e equipamentos que auxiliam no desenvolvimento das pesquisas em toda a Baía Babitonga e nos demais ecossistemas da região. Grande parte dos acadêmicos atua como bolsista em projetos e programas institucionais ou atividades desenvolvidas em parceria com outras instituições, empresas, como o Programa Trilhas, Projeto Toninhas e o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos. “O mar e os organismos marinhos precisam da ajuda de pessoas corajosas e dispostas a recuperá-lo, como os acadêmicos de Biologia Marinha da Univille”, finaliza Andrielli.

Ajude a pesquisa

Você pode colaborar com as pesquisas da Univille sobre as raias mantas na região. Você mandar fotos, a localização do animal e outras informações para o andrielli.medeiros@univille.br