Os múltiplos modelos de aprendizagem do ensino híbrido privilegiam as diferentes formas com que as pessoas aprendem. Alguns preferem estudar em ambiente digital, enquanto outros absorvem melhor um conteúdo interagindo com mais pessoas. No ensino híbrido, outro benefício é o fato de o conteúdo estar sempre à disposição, podendo ser acessado a qualquer momento pelo aluno para, por exemplo, relembrar o que foi estudado em aula. Em uma instituição com campus e status de universidade, as vantagens do ensino híbrido se multiplicam: além de poder desenvolver projetos de extensão e de pesquisa, o aluno conta com os mesmos recursos do aluno presencial, como serviços, estágios, bolsas de estudos, laboratórios e professores do mesmo quadro de profissionais dos cursos presenciais.

Na Universidade da Região de Joinville (Univille), que lançou cursos de engenharia na metodologia de ensino híbrido em São Bento do Sul (SC), a percepção é de que a escolha vai mais além do que transformar a maneira tradicional do ensino. “Nosso projeto vai possibilitar a vivência em equipes multidisciplinares – são dois anos e meio de disciplinas em comum entre as diferentes engenharias, com aulas no mesmo ambiente, o que permite integração e desenvolvimento de projetos em conjunto. Vamos formar um profissional mais preparado em um mercado que exige múltiplas habilidades, entre elas o trabalho em equipe”, enfatiza o professor Gean Cardoso de Medeiros, diretor geral do campus.

A possibilidade de formação em mais uma engenharia vem atraindo a atenção de profissionais principalmente do Sul do País. “Muitos procuram a universidade para cursar outra engenharia, inclusive empresários, e o modelo híbrido tornou-se ideal para esse público”, explica.

Hoje as ferramentas tecnológicas permitem trabalhar em sala de aula com o aluno em qualquer parte do Planeta, como se ele estivesse com o professor frente a frente. “Vivemos um momento da tecnologia que nos permite desenvolver um processo de ensino-aprendizagem com qualidade e condições de formar um aluno pleno. As ferramentas de tecnologia permitem ao estudante realizar experimentos, testes, ensaios remotamente e acompanhar em tempo real”, ressalta o professor.

O ensino híbrido na Univille vai dispor de material didático de alta qualidade – de vídeos e gráficos a dicas, testes e simulações em um dos melhores ambientes de aprendizagem virtual, a plataforma blackboard, já usada por 100 milhões de pessoas no mundo.

Inovação e empreendedorismo

Nos cursos de engenharia da Univille no modelo híbrido, os componentes curriculares estão divididos em ciclos trimestrais, compostos por três disciplinas e um Projeto Integrador. A vantagem é que o aluno consegue concentrar esforços nessas poucas disciplinas em cada período. No ciclo seguinte, mais três disciplinas, totalizando 12 ao ano.

O projeto prevê o uso intensivo de metodologias de aprendizagem ativa nas aulas presenciais, recurso já implantado pela Univille em que o aluno aprende na teoria e já aplica na prática. As aulas são movidas a desafios práticos e reais, onde os acadêmicos têm que articular conhecimento, habilidades e atitudes para solucionar problemas. Esse meio de aprendizagem deverá ser destaque nos projetos integradores, em que acadêmicos das quatro engenharias vão atuar em articulação.

Um Projeto Integrador poderia ser a concepção de uma casa sustentável, exemplifica o professor Richard Elias Tejeiro, coordenador dos cursos híbridos de engenharia da Univille do campus de São Bento do Sul. No desafio, acadêmicos de engenharia civil ficariam responsáveis pelo projeto e acompanhamento da execução; os acadêmicos de engenharia de produção, pelo planejamento da obra; o projeto elétrico sustentável seria elaborado pelos alunos da engenharia elétrica, e aos de engenharia química a atribuição seria definir os materiais, todos em um trabalho articulado.  “Essa dinâmica dos cursos vai permitir trabalhar com inovação e empreendedorismo”, destaca o professor.

Ambos integram um dos eixos da inovação pedagógica na Instituição, além da valorização dos professores por meio de sua qualificação e profissionalização. “Damos enfoque à inovação nos currículos e programas oferecidos aos estudantes, articulando ensino, pesquisa e extensão nos percursos formativos e a inovação metodológica por meio da ênfase na aprendizagem ativa e no uso de ambientes e tecnologias educacionais que valorizem o protagonismo do estudante em seu processo de desenvolvimento pessoal e profissional”, evidencia o vice-reitor da Univille, Alexandre Cidral.

Investimentos

Segundo o diretor geral do campus de São Bento do Sul, os investimentos destinados aos cursos híbridos de Engenharia Civil, Elétrica, de Produção e Química da Univille deverão totalizar R$ 1,5 milhões com a implantação de novos laboratórios, entre os quais o de química, de combustíveis, de tratamento de efluentes e de materiais. “Vamos contar com a parceria de empresas especializadas, que até exportam”. A infraestrutura do campus São Bento do Sul já conta com vários laboratórios na área, como o de processos de fabricação e pneumática, de eletromecânica e de acionamento elétrico.