O intrincado sistema tributário brasileiro eleva o risco de erros e de malabarismos que podem comprometer a saúde financeira e até mesmo a reputação das empresas. Muitas delas pagam tributos a mais do que devem (estima-se que os créditos somem R$ 90 bilhões) ou deixam de pagar outros, por falta de um conhecimento mais profundo de como funciona esse complexo sistema, com o adicional de sofrer constantes mudanças. Segundo estudo recente, o custo financeiro para as empresas chega a R$ 65 bilhões. É quanto gastam por ano com pessoal ou em investimentos tecnológicos apenas para seguir as regras tributárias e suas constantes alterações. São 1.500 horas destinadas só para pagar impostos.

Tamanho desafio requer atenção especializada, quem trabalha na área precisa de alta qualificação e atualização sistemática. “Por esse motivo é alta a empregabilidade dos nossos alunos de graduação em Ciências Contábeis, uma vez que as demandas mercadológicas para esse tipo de profissional vêm crescendo ano após ano”, destaca o coordenador do curso na Univille, professor Carlos Eduardo Friedrich. Segundo especialistas, na região norte de Santa Catarina, em função do forte desenvolvimento empresarial, há uma carência de profissionais para atuar nesta área específica, que tem conexão direta com a gestão financeira corporativa.

O Brasil tem mais de 4 mil normas relacionadas a tributos, o que dificulta manter a empresa em dia com as suas obrigações no País. A esperança é a reforma tributária, em tramitação no Congresso Nacional, que propõe a  simplificação, com unificação de impostos. “O empresário ou o CEO das organizações têm que se preocupar com os negócios e não com regras tributárias. Se assim o fizessem, gastariam mais da metade de seu tempo com atividades que não geram valor ao negócio. Desta forma, é indispensável ter um profissional especializado tratando de assuntos tributários e orientando a organização”, defende Friedrich.

Automatização

Segundo o professor, o profissional da área contábil da atualidade é bem diferente do que atuava antigamente. Normalmente, as pessoas associam o contador à prestação do serviço de declaração do imposto de renda, mas as possibilidades de atuação vão muito além. “Hoje em dia, o contador é praticamente um assessor/consultor, pois o avanço da área de Tecnologia da Informação (TI) está automatizando a maioria dos procedimentos tributários e contábeis, fazendo com que a análise precisa dos aspectos econômico-financeiros do negócio e o conhecimento das regras da área sejam os grandes diferenciais para o profissional. Não se concebe mais hoje em dia um contador efetuando lançamentos e registros de forma rotineira, pois a profissão tornou-se mais dinâmica, mutável e automatizada”, enfatiza.

A importância do contador dentro das organizações, ressalta Friedrich, tem aumentado com o passar do tempo. “Empresários e CEOs necessitam de informações precisas, atualizadas e no tempo certo, de preferência em tempo real, para que possam tomar decisões acertadas sobre o seu negócio. Para tanto, precisam de profissionais da área contábil cada vez mais dinâmicos e bem preparados, que possam assessorá-los nas tomadas de decisões”, finaliza.